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Indústria rateia e afeta o PIB

O cenário, apontam os dados, segue nada animador: a atividade industrial teve variação nula entre julho e agosto.

A indústria brasileira não saiu do lugar em agosto e confirmou a análise de que a economia do país desacelerou. Os números divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram a situação preocupante de um dos principais motores da atividade, o que pode resultar em queda de até 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano. Especialistas observam que a indústria abandonou o movimento de gangorra para entrar de vez em uma trajetória de declínio.

O cenário, apontam os dados, segue nada animador: a atividade industrial teve variação nula entre julho e agosto. O resultado só não foi pior porque segmentos como o de alimentos (2,5%) e o de veículos automotores (1,7%) reverteram recuos do mês anterior, quando, na média, a produção do setor caiu 2,4%. "Desde maio, estamos tendo uma frequência maior de números negativos, sobretudo em relação ao aumento do estoque", comentou o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.

São quatro meses, acrescentou Macedo, de indústria sufocada pela baixa confiança dos empresários e pelo consumo das famílias em declínio. "Há um quadro predominantemente negativo", afirmou ele. Ontem, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou que o número de carros vendidos no país em setembro caiu 6% em relação a agosto, o que piora ainda mais o panorama para o terceiro trimestre.

Entre as 11 atividades que diminuíram o ritmo, segundo o IBGE, chama a atenção o acúmulo de 18,8% de perda nos últimos dois meses da área farmacêutica. "A indústria está em queda mesmo e não vai mais reagir este ano. Não imagino o governo inventando mais nada para ajudar o setor", disse o economista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito, para quem o PIB do país deve registrar variação nula no terceiro trimestre, puxado em grande parte pelo desempenho do parque fabril.

Na comparação com agosto de 2012, os números do IBGE indicam que 18 das 27 atividades apresentaram queda na produção. "O Brasil continua preso a um cenário de baixo crescimento e inflação alta, e se espera que esse quadro continue nos próximos trimestres, já que não há perspectiva de mudança significativa na política econômica até as eleições presidenciais do próximo ano", avaliou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

» Aumenta o medo

do desemprego

Os brasileiros estão mais temerosos em ficar sem trabalho. É o que mostra a pesquisa trimestral Termômetros da Sociedade Brasileira, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Medo do Desemprego subiu 1,7% em setembro, ante junho, último dado. Apesar disso, o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, destacou que o indicador continua em um patamar baixo. Na comparação com o nono mês de 2012, está 3,7% menor. "O aumento do medo do desemprego é efeito do desempenho da economia, que não dá sinais de crescimento mais robusto", avaliou Fonseca. O estudo gera ainda o Índice de Satisfação com a Vida, que ficou apenas 0,3% maior que o anterior, mas interrompeu a sequência de três quedas nos trimestres anteriores.


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