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Pequenas e médias entram na dança dos números

A onda de mudanças contábeis global pode envolver as pequenas companhias e mesmo subsidiárias de maior porte de grandes empresas britânicas, segundo proposta que começaram a ser discutidas nesta semana.

Jennifer Hughes, Financial Times, de Londres

A onda de mudanças contábeis global pode envolver as pequenas companhias e mesmo subsidiárias de maior porte de grandes empresas britânicas, segundo proposta que começaram a ser discutidas nesta semana.

O Conselho de Normas Contábeis britânico reúne-se hoje para concluir os planos de abandonar os princípios contábeis em vigor no Reino Unido, seguidos pelas empresas sem ações em bolsa, em favor do padrão internacional para empresas de menor porte.

Com as normas internacionais de contabilidade (IFRS) adotadas na União Europeia em 2005, as empresas britânicas listadas em bolsa trocaram as normas locais pelas internacionais. Mas as empresas de capital fechado e as subsidiárias de companhias abertas vinham até agora seguindo as regras britânicas.

Na semana passada, o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb) divulgou seu novo padrão para pequenas e médias empresas. Não precisará ser adotado pela legislação europeia como outras normas do Iasb, mas cada país estará livre para segui-lo se desejar. A expectativa é que o conselho britânico proponha exatamente isso e coloque o documento em audiência pública neste mês.

Se o projeto tiver apoio, as normas britânicas poderão desaparecer em 2012 ou 2013. Consultas anteriores mostraram apoio à mudança, mas certa hostilidade aos esforços necessários para a troca. "Estamos no início do processo de abandono dos princípios contábeis aceitos no Reino Unido", afirmou Alex Finn, sócio na PwC. "Mudar não está livre de custos, mas no médio e longo prazos deverá trazer economia para as empresas."

As mudanças podem alterar resultados. Embora as regras do Reino Unido e IFRS compartilhem princípios, algumas diferenças nos detalhes de questões como os derivativos ou custos de pesquisa e desenvolvimento podem levar subsidiárias de empresas de capital aberto a relatar números diferentes dos de seus controladores.

Neste ano, por exemplo, a Virgin Atlantic (que usa a regra do Reino Unido) anunciou que o lucro antes de impostos quase dobrou para 68,4 milhões de libras esterlinas. A Singapore Airlines, que tem participação de 49% na Virgin, porém, informou que a empresa britânica havia sido responsável, em grande parte, por seu prejuízo de 46 milhões de libras no quarto trimestre. A forma de contabilizar derivativos está por trás de grande parte dessa diferença.

Obrigar empresas de capital fechado como a Virgin a usar a versão simplificada do IFRS ajudará aos responsáveis pelas normas a criar um conjunto único de padrões seguidos internacionalmente. O objetivo é facilitar a comparação de empresas em qualquer lugar do mundo.

Uma mudança nas regras contábeis também afetaria os encargos tributários, já que os cálculos fiscais começam com a divulgação das contas por entidade, não por conglomerado. "Estaríamos começando de um ponto diferente e haveria implicações", afirmou Ken Williamson, sócio da Ernst & Young. "As autoridades ainda não parecem muito preocupadas com isso e elas podem sempre fazer mais leis se não gostarem das consequências para os impostos."


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