Na linguagem dramática — e certeira — da Geração Z, “crashing out” define o momento em que a pressão se torna insuportável. Pode ser um colapso visível (chorar no banheiro, gritar no carro, perder a paciência com colegas) ou algo interno: um suspiro silencioso de “estou desabando”. No TikTok, a tendência é retratada com humor, mas a realidade por trás dela é alarmante.
Segundo o Relatório Owl Labs 2024 sobre o Trabalho Híbrido, o estresse no trabalho aumentou para 43% dos funcionários em apenas um ano. E 89% afirmam que não houve nenhuma melhora no estresse relacionado ao trabalho desde o ano anterior.
Causas do colapso: salários baixos, duplas jornadas e sobrecarga de chefes
Entre as principais causas do estresse está a sensação de compensação injusta. Um em cada cinco trabalhadores (22%) diz não receber o que considera adequado. Isso tem impulsionado o fenômeno do “polyworking” — trabalhadores com dois ou mais empregos. Surpreendentemente, 32% dos gerentes também acumulam funções extras. Consequência direta: os níveis de estresse dos gestores são 55% mais altos do que os dos não gestores.
Trabalho presencial forçado e perda de autonomia agravam o problema
Para muitos, voltar ao escritório significa apenas “cumprir presença”. Metade dos entrevistados afirma que o trabalho presencial não tem propósito claro. E o impacto é real no bolso e na saúde: 84% dizem que comem melhor em casa e economizam com refeições e estacionamento. Um dia de trabalho presencial custa, em média, US$ 61 a mais por colaborador.
Não é à toa que 41% dos trabalhadores híbridos afirmam que procurariam outro emprego caso perdessem esse benefício.
Política, conflitos e redes sociais: o clima nos escritórios está carregado
Outra razão para evitar o ambiente físico do trabalho? A tensão política. 45% dos profissionais dizem que as opiniões políticas dos colegas os fazem querer ficar longe do escritório.
A Geração Z, como sempre, externaliza o incômodo: 48% já postaram algo negativo sobre o trabalho nas redes sociais, número bem acima da média geral de 34%. Assim, o “crashing out” também virou tendência digital.
O recado está dado: trabalhadores querem equilíbrio — e respeito
Os dados mostram que o esgotamento não é só emocional: ele é estrutural. A combinação de sobrecarga, pouca flexibilidade, conflitos culturais e salários defasados forma um ambiente insustentável — e cada vez mais visível.
As empresas que não ouvirem o alerta por trás do “crashing out” correm o risco de perder talentos, engajamento e produtividade. Porque quando o colapso se torna rotina, não é mais exagero. É um sinal de que algo precisa mudar — urgentemente.