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Copom corta Selic em 0,5 ponto, para 11,50%, sem surpresas

A decisão já era amplamente esperada.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deixou de lado as surpresas e cortou novamente a taxa Selic em 0,5 ponto percentual para 11,5% ao ano, seguindo as indicações que ele próprio passou ao mercado ao longo das últimas semanas. A segunda queda consecutiva veio acompanhada de um comunicado enxuto, apenas para reforçar um cenário já incorporado pelo mercado, e também sinalizar a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário nas próximas reuniões.

A decisão já era amplamente esperada. A mediana das projeções colhidas pelo boletim Focus, do BC, junto a bancos e empresas, na última sexta-feira, mostrava que o mercado apostava em queda de meio ponto nessa reunião do Copom. O mercado de juros futuros também cravou redução de mesma magnitude, com poucas apostas em um corte mais acentuado. Para dezembro, a mediana do Focus projeta mais um corte de mesma magnitude na última reunião do ano, marcada para os dias 29 e 30 de novembro.

 

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Ao contrário do que houve na reunião anterior, a decisão de ontem foi unânime. Em agosto, dos sete diretores do BC, que integram o Copom, dois votaram pela manutenção da taxa em 12,5% ao ano e cinco pela redução.

O corte de ontem vinha sendo sinalizado pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em diversos pronunciamentos públicos feitos após a reunião de agosto, ele afirmou, reiteradamente, que, diante dos esperados efeitos da crise global, "ajustes moderados" da taxa básica de juros são compatíveis com a convergência da inflação para a meta já em 2012.

Exatamente esse argumento que foi repetido ontem na tradicional nota à imprensa emitida pelo comitê imediatamente após suas reuniões. "O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012", disse o Copom na nota.

Referenciada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a meta do governo é baixar a inflação anual para 4,5%, o que representaria substancial redução em relação ao nível atual. Até agosto, a variação do IPCA em 12 meses chegou a 7,23%. E para o ano calendário de 2011, projeção do próprio BC indica que os preços que compõem o índice vão aumentar 6,4%. Para 2012, os modelos de projeção do BC também apontam inflação acima do centro da meta, nesse caso, de 4,8%.

Segundo Cristiano Souza, economista do Santander, o comunicado deixa claro uma nova redução dos juros no encontro de novembro e que a magnitude de cortes deve se manter. "O BC já vinha falado em ajuste moderado. Ao repetir a frase no comunicado, cristalizou a ideia de que "moderado" significa um corte de 50 pontos básicos", diz.

Na sequência, o BC afirma que ao "tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação". Para o economista do Santander, o texto apenas reforça o quadro pintado na reunião anterior.

"Na cabeça do BC, ele reforçou que o cenário está ruim e que, aos poucos, de forma moderada, no período certo de tempo está combatendo os efeitos da crise e que esse cenário é consistente com a convergência da inflação na frente", diz Souza.

Os modelos do economista, no entanto, não sugerem uma inflação na meta em 2012. Souza acredita que o IPCA termine este ano em 6,7%, caindo apenas um ponto percentual ao longo do próximo ano, para 5,7%. "Em 2008, a crise levou a uma queda de dois pontos percentuais, mas foi um cenário muito negativo. Hoje, mesmo com uma desaceleração mundial, não é cenário deflacionário para o Brasil", completa.

Ontem, o giro de negócios no mercado de juros futuros foi baixo para um pregão que antecedeu uma reunião do Copom. Também não foi detectada nenhum tipo de movimentação fora do normal. Nem mesmo o mercado de opções, que foi bastante ativo na véspera do encontro de agosto, mostrou aumento de volume nos últimos dias.

Nas tesourarias dos bancos, a percepção ainda é de novos cortes. Os contratos de juros da BM&F sinalizam uma Selic em 10,25% no próximo ano. Eduardo Duarte, operador de mesa da corretora Icap tem uma visão um pouco diferente. Segundo ele, caso a crise na Europa comece a ser resolvida, o BC pode fazer apenas mais uma redução na próxima reunião, em novembro, com uma pausa para avaliar o cenário.


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