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3 dicas para ter sucesso nos negócios

Mudanças de rotas, para ajustes ou por necessidade, fazem parte da vida de quem tem empresa. Saiba como jovens empresários lidam com decisões importantes para a sobrevivência de seus negócios

A Soul Urbanismo, empresa especializada em locação de parklets, entrou no mercado em 2015 com capital de R$ 30 mil obtidos por meio de empréstimo. Um ano depois, o negócio já valia R$ 1,2 milhão.

Com cada vez menos espaços de convivência na cidade de São Paulo, a empresa ganhou mercado rapidamente oferecendo uma solução a esse problema. A ideia foi abarcada pela prefeitura, que incentivou a implantação dos parklets em vários bairros. Isto, até 2018.

Em abril daquele ano, quando Bruno Covas assume a gestão da cidade, os incentivos a esse modelo de negócio foram paralisados. Sem aval da prefeitura, não era mais possível fazer a intervenção urbana necessária para a instalação dos parklets. Do dia para noite, a fonte de receitas da Soul Urbanismo secou.

“Não adiantava lamentar, buscamos então uma alternativa para o problema. Se o parklet fosse móvel, não precisaria de autorização do poder municipal para funcionar”, diz Augusto Aielo, idealizador da empresa.

A Soul Urbanismo foi a primeira da América Latina a trabalhar com parklets móveis, instalados sobre carretas que possuem sistema de suspensão a ar, o que permite baixar a estrutura ao nível da calçada quando estacionada.

NÃO LAMENTE, BUSQUE ALTERNATIVAS

“Quando o problema for gigante, como esse que vivemos agora nessa pandemia, é a hora de mudar, de se transformar, de criar uma relação mais forte com o cliente e voar”, disse Aielo durante participação na websérie SOS Empreendedor, realizado pelo Fórum de Jovens Empresários da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Empresas que atuam em ramos novos e inovadores precisam estar prontas para mudanças bruscas de direção. E isso não é uma exclusividade brasileira, nem de empreendedores de pequeno porte.

A Netflix começou como locadora de DVDs, que eram entregues pelo serviço postal. As locadoras morreram, mas ela se reinventou completamente e se transformou na gigante do streaming.

A Amazon, antes de virar a toda poderosa do comércio eletrônico, era uma livraria on-line. Para crescer, precisou sair da zona de conforto e diversificar as ofertas de produtos. Hoje até fabrica parte dos itens que vende.

No caso da Soul Urbanismo, Aielo conta que tinha duas alternativas: esperar um posicionamento da nova gestão municipal sobre os parklets, ou mudar o rumo da empresa.

“Foram anos pensando em um modelo de negócio que poderia deixar de existir com uma canetada. Isso dá medo, mas eu não iria esperar a barca afundar, então inovamos”, disse o empreendedor

As crises estimulam a inovação. Os parklets móveis de Aielo já rodaram por mais de 50 cidades. O negócio ganhou mais mercado, passando a atender também a eventos.

FALE MENOS, ESCUTE MAIS

Às vezes, na pressa de obter resultados positivos, o empreendedor deixa de fazer o básico, que é escutar as necessidades dos clientes. “O empresário precisa aprender a trabalhar com escuta ativa, para entender o problema antes de querer ajudar. O foco não pode ser o objetivo, mas o problema”, diz Thiago Shimada, CEO da Academia da Marca, também convidado do SOS Empreendedor.

Segundo ele, nos cinco primeiros minutos da reunião com um cliente, a atenção tem de ser total, porque é nesse primeiro contato que o empresário vai entender por que e como será útil.

Claro que nem sempre é fácil sentir as dores do cliente, como conta o empresário Leo Ramos, diretor da Zacarias Iluminação. Há algum tempo, sua empresa foi contratada para fazer a iluminação de novas unidades de uma rede de varejo de Salvador, Bahia. No dia da inauguração das lojas, chegou uma mensagem do cliente: faltavam duas luminárias da vitrine principal.

“Comprei uma Ferrari e me entregaram um Fusca, dizia a mensagem do cliente. O erro não foi nosso, mudaram o projeto e não nos informaram. Mas não adiantaria nada encontrar culpados, o foco tinha de ser resolver o problema”, disse Ramos no SOS Empreendedor.

Ele conta que conseguiram encontrar um conhecido para levar as luminárias de São Paulo até Salvador naquele mesmo dia. Elas chegaram 1 hora antes da inauguração da loja. “Poderíamos ter nos resguardado, mas preferimos sentir a dor do cliente e enfrentar o problema. No final, fechamos mais 10 lojas com ele”, disse Ramos.

Segundo Thiago Shimada, é sempre preferível trabalhar com o interesse legítimo de ajudar o cliente, e não apenas em vender para ele. “As vendas aparecem naturalmente como consequência desse processo.”

VALIDE TUDO COM O CLIENTE

Outra dica dos empreendedores que participaram do SOS é validar cada etapa do processo de criação de um produto ou serviço com o cliente.

É sempre melhor testar antes de investir. Tenha uma proposta de valor, o segmento de mercado que se quer alcançar, os canais de distribuição, potenciais fontes de receita, parcerias, estrutura necessária, entre outros pontos básicos de qualquer projeto.

Quem não ouve o cliente está fadado ao fracasso. Há inúmero exemplo na história dos negócios. Por exemplo, na década de 1990, apesar da negativa dos consumidores, foi colocado no mercado a Crystal Pepsi, variação do famoso refrigerante de cola que inovava por ser translúcido.

Foi um fracasso, embora a marca tenha tentado vários relançamentos ao longo dos anos.

“Se não tiver a solução pronta, não precisa ter medo, vira para o cliente e diz que está em estudo. Primeiro vende a ideia, depois investe”, diz Augusto Aielo.

Se é para errar, é melhor errar rápido e gastando pouco.


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