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Empresas brasileiras precisam investir no Capital Liderança

Não temos líderes em quantidade e tampouco na qualidade necessária para executar a estratégia nos próximos anos. Estamos investindo, todos disseram, mas faltam líderes em vários níveis.

A Liderança tal qual conhecemos hoje está com os dias contados? Com essa “pergunta que não quer calar”, comecei um instigante debate em painel composto por três CEOs e um presidente de Conselho de Administração (CA), de empresas sediadas no Brasil, no “Mundo Executivo – CONARH 2019”. A provocação ativa, reflexão e conversa descontraída geraram um resultado bastante interessante. Ao final da programação do evento, que teve como destaque outra sessão com participação de membros de vários CAs, cinco conclusões saltaram aos olhos pela convergência de percepções e ideias:

• As empresas se defrontam com nítida escassez de liderança. Não temos líderes em quantidade e tampouco na qualidade necessária para executar a estratégia nos próximos anos. Estamos investindo, todos disseram, mas faltam líderes em vários níveis. Essa grave percepção foi confirmada pela plateia, formada por outros 12 CEOs e pela maioria dos profissionais do chamado “C-Level” das empresas. Isso reforça os resultados apontados em, pelo menos, três enquetes realizadas pelo Grupo Empreenda em anos anteriores, sendo, cada uma delas, conduzida em parceria com uma instituição (Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), HSM e o Experience Club. Em nenhuma das enquetes mais do que 30% dos dirigentes de várias empresas revelaram ter líderes na quantidade e qualidade necessárias para os desafios com os quais se deparavam. Ou seja, pelo menos 70% deles têm consciência de que estão com a bomba relógio nas mãos;

• O líder nessa era complexa, volátil, incerta, veloz e exponencial é muito diferente do líder da era previsível e incremental do mundo industrial. No passado, o líder competente era aquele ou aquela que tinha todas as respostas. Hoje, o eficaz é quem sabe fazer as perguntas certas e mobiliza suas equipes em busca das respostas relevantes para a vida da organização;

• A transformação digital é a preocupação que mais tira o sono dos CEOs brasileiros. Todos sabem que precisam fazer, mas a grande maioria não sabe como fazer. Poucos percebem que esse movimento não é apenas sinônimo de tecnologias e aplicativos. Mas, felizmente, há a percepção de que quanto mais sofisticada a tecnologia, maior é a necessidade do contato humano;

• A cultura da empresa é um componente intangível da dinâmica organizacional que precisa ser aprofundado, passando a ser percebido como “o ativo ou o passivo que não aparece no balanço das empresas”, expressão que cunhei no meu primeiro livro em 1999;

• É mais difícil exercer a liderança na vida familiar do que na vida corporativa. Esse foi outro tópico objeto de consenso absoluto.

Além de insights e sinalização de tendências, os profissionais da área de RH saíram do CONARH 2019 com dois recados claros deixados pelos líderes empresariais. O mais enfatizado foi a necessidade de passar a conhecer com muito mais profundidade o negócio e os objetivos da empresa onde trabalham, para atuar com maior protagonismo na estratégia. Está definitivamente encerrado o período onde era possível se contentar apenas com o domínio de ferramentas e dos aspectos operacionais da gestão de pessoas.

O outro alerta é para a necessidade de cuidar do “Capital Liderança”. Devido à escassez, é imperativo ter foco na formação de uma nova safra de líderes, garantindo a sucessão em todos os níveis e não apenas no topo.

Ao pensar no futuro não tão distante para as lideranças, me vem à mente outra grande preocupação que tem tirado o meu sono. Trata-se de uma percepção da qual ganhei consciência a partir de uma provocação de Leyla Nascimento, primeira presidente brasileira da Federação Mundial de Recursos Humanos, sensibilizada pelo enorme contingente de refugiados em várias partes do mundo. Concluo compartilhando essa inquietação com você, caro leitor: como propor caminhos para o grande número de “refugiados” das profissões tradicionais que vão se tornar profissionais irrelevantes nos próximos cinco anos?

Ser percebido como relevante será item crucial no kit de sobrevivência profissional, nesse futuro que já está entrando pela nossa porta!


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