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Um por todos, todos por um: o que o remo tem a ensinar para a sua gestão

Em clima de Olimpíadas, saiba o que aprendemos sobre gestão de pessoas ao analisar o Remo.

Responda rápido: se, por alguma mágica qualquer, você fosse convocado para montar uma equipe de remo com quatro atletas, o que escolheria? Um time formado somente por campeões ou um composto por atletas medianos?

A resposta parece um tanto óbvia. Mas, se você analisar com mais cuidado o que leva um time de remo à vitória, vai constatar que não é tão simples assim. Diferentemente do que ocorre na maioria dos esportes coletivos – em que é possível todo um time atuar em função de uma estrela apenas – o remo é pura sincronização.

É um esporte em que a sinergia e o equilíbrio do time vêm antes do talento individual. Ou seja, respondendo aquela pergunta ali de cima, uma equipe de campeões olímpicos desentrosados pode ser batida por uma de atletas medianos – desde que estejam muito bem alinhados.

  • Como uma orquestra sinfônica

Quem endossa essa afirmação é uma verdadeira autoridade no assunto: o construtor de barcos de corrida George Pocock. No livro The Boys In The Boat, que conta a saga de remadores norte-americanos nas Olimpíadas de 1936, na Alemanha Nazista, o autor Daniel James Brown relata o momento em que Pocock soprou os segredos do esporte no ouvido de Joe Rantz, um dos membros da equipe.

Associando o remo à música clássica, ele compara uma corrida “bem remada” a uma sinfonia e o atleta a apenas um dos músicos da orquestra. Ou seja, se qualquer outro componente estiver desafinado, toda a execução vai para o lixo. Mais importante do que o quão duro alguém rema, é o quanto a atuação desse alguém harmoniza com a dos outros colegas.

“SE VOCÊ NÃO GOSTA DE ALGUM COLEGA DE BARCO”, POCOCK DIZ A JOE, “VOCÊ DEVE APRENDER A GOSTAR. ELE TAMBÉM TEM QUE GANHAR A CORRIDA, ASSIM COMO VOCÊ”.

Se ainda estivesse vivo, Pocock certamente aprovaria outra analogia para o remo: a gestão de equipes em uma empresa. Afinal, só por essa introdução já deve ter dado para perceber quantas semelhanças existem entre as duas práticas. E aproveitando que estamos em pleno o clima olímpico, queremos compartilhar alguns aprendizados importantes dessa modalidade tão tradicional.

  • “Estou aqui para somar”

No remo, a máxima aí de cima – tão desprestigiada por jogadores de futebol – é levada muito a sério. Cada um dos atletas de uma equipe deve ter plena consciência de seus atos, entendendo que eles precisam se integrar totalmente aos esforços dos demais para que os objetivos sejam atingidos.

Retomando a hipótese do começo do texto: se a equipe for composta somente por atletas de ponta, mas um deles não estiver no mesmo compasso dos outros, o barco não sairá do lugar. Ele vai ficar girando eternamente. Ele só avançará se e quando todos os remadores estiverem na mesma frequência, sincronizados, atentos aos movimentos uns dos outros e realmente somando esforços.

O paralelo com a formação de uma equipe alinhada é imediato. E não só neste momento: como empreendedor, você deve priorizar a sintonia com os seus funcionários sempre.

  • “Remando juntos”

Colin Butterfield, presidente da gestora de propriedades rurais Radar SA, ligada à Cosan, conhece como poucos as afinidades entre o esporte e gestão. Praticante profissional de remo por cinco anos, ele chegou a participar do time pré-olímpico brasileiro.

Ainda que a carreira como gestor o tenha impedido de seguir competindo, Colin continua fascinado pelo universo do remo. “É um esporte que me encanta, porque tem uma filosofia sem igual”. Lembrando que a principal competição olímpica se dá com barcos de oito remadores – incluindo o timoneiro, que é quem dá o ritmo, ele também enfatiza a importância da sinergia e do trabalho em equipe.

“VOCÊ PODE COLOCAR SETE ATLETAS OLÍMPICOS NO BARCO. SE O OITAVO NÃO ESTIVER EM SINCRONIA COM OS OUTROS, SE ELE ESTIVER UM POUCO FORA DE RITMO OU FORA DE FOCO, NÃO TENHA A MENOR DÚVIDA: VOCÊ VAI CHEGAR EM ÚLTIMO LUGAR NUMA COMPETIÇÃO”.

Segundo Colin, no remo – mais do que qualquer em outro esporte – não há espaço algum para heróis individuais. Ecoando o armador Pocock, dispara que “ou os oito ganham, ou os oito perdem”. Não há meio termo.

  • Todos literalmente no mesmo barco

A palavra-chave é cumplicidade – um ensinamento que Colin busca colocar em prática todos os dias na gestão corporativa. Quando há co-participação entre os componentes de uma equipe, quando os profissionais se respeitam e colocam os objetivos gerais à frente dos pessoais, o “efeito multiplicador” é absolutamente benéfico.

Segundo o gestor, a ausência de cumplicidade é recorrente nas empresas. “Todo mundo está tão preocupado com o próprio umbigo e com as agendas pessoais, que muita energia positiva acaba sendo retirada do negócio”.

Em suma: todos os profissionais da sua equipe precisam saber que estão no mesmo barco, remando em direção aos mesmos objetivos.

Por isso, na hora de formar o time, você – como técnico e timoneiro -deve dar preferência aos profissionais que entendem e praticam esta filosofia coletiva. E não àqueles que, embora donos de currículos impressionantes, só querem brilhar sozinhos.

Boas remadas!


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