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Empresário precisa mudar processos para vencer crise

Consultores afirmam que ideal é se esforçar mais para inovar, podar arestas e ganhar mais clientes

A indústria de chocolates anunciou antes da Páscoa que criaria 10% mais vagas de empregos temporários neste ano do que em 2014, mesmo com a previsão de queda no consumo de ovos devido à crise econômica pela qual passa o País. A tática adotada pelo setor, conforme a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), foi diminuir as contratações na produção e focar o relacionamento com o cliente nos pontos de venda, com aumento de 15% no número de trabalhadores na área comercial.

A estratégia exemplifica o modo adequado de se encarar a crise. Consultores ouvidos pela FOLHA afirmam que a pior atitude que um empresário pode tomar é ficar à espera de uma recuperação do mercado. Apesar de batida, a máxima de que é nesses momentos que aparecem as oportunidades é verdadeira, porque são criadas novas formas de se sobreviver e de aparar arestas, que deixam os empreendedores mais fortes e mais preparados para deslanchar quando a economia estiver recuperada.

Sócio-gerente da Conexão Consultoria Empresarial e palestrante da Câmara de Comércio Brasil Alemanha (AHK Paraná), Alan Schlup Sant’Anna afirma que a negação em relação à crise, que leva à inoperância, é tão problemática quanto a precipitação ao tomar decisões, como cortes de pessoal que destroem o núcleo da produção. "É preciso coletar dados, reunir inteligências na empresa para pensar em soluções, trazer pessoas de fora e analisar o cenário rapidamente", diz.

Para o superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), Jairo Martins, as dificuldades fazem com que as empresas revejam os próprios processos e busquem eficiência no uso de recursos, sejam financeiros, naturais ou humanos. "É a produtividade, que é fazer mais gastando menos, rever os supérfluos e cortar o que não é essencial", elenca.

O consultor Wellington Moreira, da Caput Consultoria, lembra ainda que todo grande líder é conhecido pelo desempenho diante de crises. Durante a bonança, afirma, muitas empresas crescem no embalo do mercado. "Na hora da crise, muita gente procrastina a decisão por não saber o que fazer, quando é hora de mudar, de reinventar, de escolher um novo caminho."

É sob pressão que se avalia quem pode se destacar ou pode render mais, explica Sant’Anna. "As crises sempre aparecerão, mas é com boa gestão que se tornarão menos duradouras", conta. Martins completa que as dicas valem mesmo para os microempresários. "Os pequenos empresários tem a vantagem de serem mais ágeis, pela estrutura menor. Eles têm de buscar ser fornecedor de uma cadeia maior, ter mais qualidade", declara.

Moreira ressalta que mesmo diante da chance de errar quando se ataca em um momento de desaquecimento, a chance de sair fortalecido e ocupar o espaço de quem está esperando uma solução é grande. "Não adianta cortar produção ou mão de obra agora e recontratar daqui a seis meses, sem treinamento. A recessão não é nova, mas vem de quatro anos. O que ocorre hoje é que há uma indústria do alarmismo pela crise política pela qual o País passa", avalia o consultor.

Entre os principais erros, Martins aponta a tentativa de reduzir custos sem considerar consequências. Abrir mão de conhecimentos e competências, ainda mais em época de escassez de mão de obra qualificada, pode ser uma grande perda já em médio prazo. "A crise é passageira e perder massa muscular pode fazer com que a empresa seja surpreendida no futuro."

Ainda, Moreira lembra que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional pode ser zero no ano, mas que isso não se aplicará a todos. "Será zero porque alguém vai crescer 40% e alguém vai diminuir 40%", conclui.


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