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Enfrentar fracasso e rejeição ajuda a alcançar o sucesso

Empreendedores contam como tentaram uma, duas e várias vezes até conseguirem deslanchar na carreira

Fábio Seixas, 38 anos, tropeçou nada menos do que três vezes antes do sucesso à frente da Camiseteria, que montou com três sócios (com aporte de apenas R$ 7 mil) e que mantém desde 2005 para comercializar pela internet camisas estampadas. A equipe de 22 pessoas vende cerca de 9 mil itens por mês.

Sua saga no universo do empreendedorismo começou em 1995. Lançou uma empresa para elaborar sites, no entanto faliu porque os clientes ainda não viam valor no projeto. Em 1998, resolveu formar um e-commerce de pôsteres, que funcionou bem por dois anos, mas que nunca chegou a deslanchar. O terceiro negócio, em 2000, foi uma holding de projetos pela web formada com cinco amigos. “Abri a empresa em janeiro, mas em março a bolha da internet estourou e ficou tudo mais difícil”, conta. Neste caso, o golpe foi maior, pois o empresário havia levantado recursos junto a um investidor-anjo, e tinha funcionários. “As minhas experiências foram para aprender bastante e acabei me profissionalizando em empreendedorismo.

No caso da Camiseteria, por exemplo, entre no mercado em um momento muito bom”, aponta Seixas. “A gente aqui no Brasil tem um problema sério e cultural de não gostar de ser visto como alguém que faliu. Isso está mudando bastante e já se vê a falha como uma coisa boa: se você falhou no passado tem menos chances de falhar no futuro”, acredita. O que aprendeu com as experiências: é preciso gerar resultados financeiros e o sonho de empreender pode mascarar isso. “Monta-se um negócio porque se gosta, mas ele deve ser técnico, não apenas uma paixão.”

A psicoterapeuta Clarice Barbosa diz que o fracasso é importante na vida profissional. “Faz parte do nosso crescimento e ajuda a aprender e melhorar”, pondera. No entanto, ela admite que algumas pessoas têm dificuldade em admitir a falha, mesmo porque as pessoas são educadas a sempre ter sucesso. “O profissional precisa enfrentar o fracasso, olhar para o fato e entender o que ocorreu”, diz.

O publicitário Brunno Galvão, de 28 anos, começou a empreender aos 11, a partir da montagem de uma banca de doces em frente ao colégio em que estudava, que acabou crescendo e virando uma loja de guloseimas dentro do colégio—mas teve de se desfazer da loja tempos depois por problemas financeiros. Enquanto mantinha o negócio, levava adiante sua carreira profissional, passando por empresas grandes do ramo de recursos humanos e publicidade. Até que resolveu montar um novo empreendimento em 2009: uma empresa especializada em coaching para mulheres. O problema é que o negócio começou a não dar certo, ele teve de demitir 18 funcionários e se viu em meio a uma dívida de R$ 500 mil. “Foi minha primeira derrota na carreira, porque tudo em que me empenhava tinha resultados. Lidar com isso foi complicado, principalmente porque tinha o lado financeiro e minha vida pessoal foi atingida, bem como o relacionamento com funcionários e clientes”, diz. Para superar, arrumou as malas e foi ao Vale do Silício, nos Estados Unidos, estudar sobre empreendedorismo. Em 2011, já se lançou em um novo negócio, a peixee.com, que durou quatro meses como um aplicativo por celular para as pessoas buscarem empregos e as empresas, talentos. Quando viu que não ia dar certo, pulou fora, até mesmo pelo trauma do baque financeiro anterior.

A terceira aposta foi no Holandês, site em que as pessoas se reuniam para comprar um determinado produto, com o qual conseguiu aporte de R$ 1 milhão da fundos de venture capital e anjos — entre eles, um ex-presidente da Petrobras. No primeiro mês, o faturamento foi de R$ 200 mil, mas o lucro estava negativo. Galvão percebeu que o negócio não iria dar certo e resolveu ir a campo para montar um novo negócio, tentando usar a mesma estrutura e investidores que já tinha: lançou, em dezembro de 2012, o Remarcados, site especializado em vender produtos de mostruário, fora de linha e consertados pelos fabricantes. “O importante é identificar o erro, corrigir o mais rápido possível e não ficar lamentando”, diz o empreendedor — que lançará um livro sobre sua jornada. ¦

 

“A mágica acontece ao sair da zona de conforto”

O chinês Jia Jiang deixou de lado um emprego na Dell, em julho de 2012, para montar a Hooplus, empresa que ajudaria as pessoas e as empresas a manterem promessas e aumentarem a produtividade e a colaboração. A negativa de um investimento muito aguardado, porém, fez com que ele desistisse do negócio e se envolvesse nos “100 dias da terapia da rejeição”, em que faz pedidos absurdos, para serem negados, e passar a se acostumar com isso. Entre eles, está cortar cabelo em um pet shop, dançar com uma garçonete ou pedir para desenvolverem um sabor de sorvete especialmente para ele. Passou a ser conhecido depois de criar seu blog. “A mágica acontece quando estamos fora da nossa zona de conforto. Se eu estiver aberto para o mundo, o mundo também se abre para mim. Aprendi que a rejeição pode ser efetiva para melhoria pessoal”, revelou o chinês, em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO (leia a entrevista completa em www.brasileconomico.com.br).

Ao abrir mão da Dell e interromper o negócio, Jiang tem contado com a esposa e com reservas para se sustentar — mas por pouco tempo, já que considera criar algo para ajudar as pessoas a serem mais corajosas. “Recebi vários e-mails de fãs que disseram que estou ajudando a enfrentarem o medo. Recomendaria usar alguns princípios da terapia, mas não por 100 dias, como eu”. O primeiro dia de seu desafio foi, para ele, um dos mais difíceis, ao ser rejeitado quando pediu US$ 100 emprestados. Outro dia memorável para ele foi a negativa, por não estar em forma, para ser manequim vivo da Abercrombie e da Fitch. “Uma vez, pedi para fazer um anúncio de segurança no avião cheio, antes da decolagem. Tive de enfrentar o medo de falar em público.” Com Natália Flach


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