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Internet: nunca tome a primeira informação como verdadeira

Consequência do imediatismo está na incapacidade do internauta em não conseguir refletir acerca dos fatos diante do volume de informações divulgadas

Por conta do imediatismo da web, as informações são divulgadas quase em tempo real nos portais noticiosos. Para a jornalista Clarice Pereira, "isto prejudica na exatidão das informações divulgadas e pode influenciar negativamente na formação da opinião pública". 

Na Era da Informação, que estamos vivendo, é impossível negar a enorme velocidade com que as notícias são produzidas. Para a jornalista Clarice Pereira, “a Internet permite que um volume imenso de informações chegue ao conhecimento do público no exato momento do acontecimento”. Mas será que o imediatismo e a quantidade de notícias, proporcionados pela web, contribui para a formação da opinião pública?

A especialista em comunicação lembra que até o ano de 1930, as notícias somente eram divulgadas pelos jornais e revistas impressos. Somente depois do advento da Era do Rádio, iniciada experimentalmente nos anos 20, é que as informações passaram a chegar aos ouvintes em tempo quase real. “Os diários, para que houvesse tempo de editar o conteúdo, sempre tiveram como característica informar ao público sobre as informações do dia anterior. Já os semanais, quinzenais, mensais e outros periódicos visavam oferecer um conteúdo mais profundo e analítico sobre temas e acontecimentos que estavam em discussão na atualidade”, menciona.

A coordenadora da LINK Portal da Comunicação explica que, com as inovações tecnológicas, toda a área da comunicação passou (e continua passando) por transformações profundas. “O surgimento de meios de comunicação como o rádio e, posteriormente, a televisão, aumentou a velocidade de produção e divulgação de informações”. A profissional exemplifica: “Se antes a notícia era ‘ontem morreu um homem atropelado por um bonde’, com a ascensão dos meios eletrônicos, a informação passou a ser – ‘acaba de morrer um homem atropelado por um bonde’”.

Eis então que, nos anos 90, surgem e começam a se popularizar os computadores pessoais e, com o advento da web, o imediatismo na geração das notícias tornou-se uma marca cada vez mais forte na produção do conteúdo. “Esse fato, porém, garantido pela popularização da Internet não necessariamente significa algo bom para formação da opinião pública”, adverte a jornalista.

“Primeiramente, devemos levar em conta que o imediatismo da web dificulta a apuração profunda dos fatos, e, assim, as chances de que as notícias divulgadas sejam imprecisas é bem maior”. O que ela quer dizer é que, hoje, com a facilidade que qualquer pessoa tem para espalhar boatos na Internet, as informações divulgadas podem ser inverídicas e, com isso, gerar muita confusão nas cabeças do internauta. “Para os jornalistas profissionais, o cuidado ao transmitir as notícias na web passou a ser redobrado, pois a velocidade digital, acompanhada pela ambição do ‘furo de reportagem’ aumenta ainda mais a chance de serem divulgadas notícias falsas por blogs e meios digitais de pouca confiança”, esclarece.

Felizmente, os veículos de comunicação profissionais conhecem sua responsabilidade e o respeito com as informações a serem publicadas. Raramente o público verá um desmentido grave por falta da devida apuração. Mas caso o erro aconteça, a profissional lembra que, ainda assim, “os noticiosos se valem do instrumento de ‘Errata’, como forma de retificação das informações antes divulgadas”.

Seguindo essa linha de raciocínio, outra consequência do imediatismo está na incapacidade do internauta em não conseguir refletir acerca dos fatos diante do volume de informações divulgadas. Este fator influencia, e muito, na formação da opinião pública.

O dilema exposto, pela Era da Informação, faz-nos refletir sobre as nossas próprias formas de pensar e de avaliar a qualidade da avalanche de notícias que recebemos todos os dias. “Se por um lado a Internet facilitou a transmissão rápida de informações pela rede, por outro, o cuidado na produção desta ou daquela notícia deve ser maior do que nunca. Jornalistas conscientes sabem que uma verdade tem diversas faces e é sua obrigação ouvir todos os lados envolvidos, para que um fato seja relevante para se tornar notícia”, declara a especialista da LINK Portal.

Notícias de todos os tipos são publicadas a cada segundo que vivemos. Para saber o que é relevante ou não é, cabe a cada um de nós estabelecermos nosso filtro pessoal. Um desses filtros é, com certeza, a fonte de informação. Clarice recorda-se de um caso recente que fora difundido pelo Twitter: a suposta morte do ator de cinema Jackie Chan em consequência de um ataque cardíaco. “Por ser inverídica, a informação foi desmentida pelos portais de credibilidade e acabou acarretando uma nova função ao jornalismo: desmentir informações de usuários indesejáveis”.

Ao público cabe nunca tomar a primeira informação da web como verdadeira; ele deve, portanto, certificar-se ao menos que o veículo de comunicação tenha credibilidade. A jornalista encerra transmitindo um recado para os leitores, telespectadores e ouvintes: “Pesquise, informe-se sobre a procedência das notícias, senão você ainda vai acreditar que o homem nunca pisou na Lua ou que essa é feita de queijo... Engraçado? Não! A avaliação da fonte de informação é o único caminho para que a opinião pública não seja desvirtuada e que saiba conduzir a sociedade da maneira correta”.


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