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Visão mais clara do negócio e crescimento estruturado

Quando as pequenas e médias empresas adotam controles internos em sua rotina, a escolha do melhor caminho é facilitada

O universo das boas práticas que há tempos norteia a atuação das grandes empresas em todo o mundo aos poucos começa a invadir a realidade das companhias pequenas e médias no Brasil. A globalização empurrou as corporações em direção a conceitos que, há algumas décadas, sinalizavam um futuro distante, como governança corporativa, controles internos e gestão de risco, entre outros, e que as levaram em direção à profissionalização. No mundo das pequenas e médias, é um movimento relativamente novo, com menos de 10 anos, mas que mostra um novo caminho no que concerne à obtenção de uma gestão mais clara de seus negócios.

Segundo Guilherme Dultra, gerente sênior da divisão de risco da consultoria KPMG, essa já é uma realidade internacional, com padrões de conhecimento voltados para esse universo de empresas. O executivo destaca que os controles internos permitiram às companhias ter as rédeas do negócio em suas próprias mãos. “Os controles internos não podem ser encarados como burocracia. Eles podem prevenir desvios de recursos e ajudar a identificar as melhores formas de alocá-los.”

Por ser um caminho ainda recente no mundo das pequenas e médias, a adoção de controles internos envolve um misto de oportunidades e desafios. De acordo com Dultra, existe uma falta de cultura em relação à absorção desses controles internos. “Em algumas empresas de pequeno porte, não há a cultura, por parte dos gestores, de discutir os controles internos, mas sim de avaliar se o cenário é favorável para o crescimento da empresa. Após isso, se pensa na possibilidade de organizar a casa, o que acaba gerando crescimento desordenado e, como consequência, um problema pela não-realocação dos recursos.

O porte da pequena empresa pode ser um fator limitador, porém o executivo da KPMG pontua que a criatividade pode ser a palavra de ordem para resolver a questão quando for necessário estabelecer controles internos. “Se eu preciso segregar funções em uma grande empresa, o desafio é mais fácil de ser cumprido, já que há um número maior de pessoas. Em uma PME, que tem uma estrutura menor, o gestor precisa ser criativo para criar controles sem burocratização e sem gerar excesso de atividades.”

Em termos de oportunidades, além da realocação de recursos adequada, as PMEs encontram nos controles internos um importante aliado na avaliação dos riscos. “Eles dão mais inteligência a esses recursos. Se a empresa tem ideia de onde estão seus riscos menores, pode direcionar os recursos para áreas cujo risco é maior”, afirma Dultra.

Apesar de ser algo já incorporado na estrutura de processos das grandes empresas, a gestão de risco ainda é novidade para as PMEs, de acordo com o especialista da KPMG. Para se ter uma ideia, a consultoria realizou uma pequisa com 67 empresas de diversos setores e apenas 44% delas afirmaram ter implementado a gestão de riscos. “Nas pequenas empresas, a prática é algo embrionário e ainda não ganhou relevância”. Mas nas companhias de médio porte, segundo o executivo, esse tipo de gestão já está sendo incorporada. “Essas empresas já conseguiram tirar uma radiografia de seus riscos e estão evoluindo em práticas de gestão dessas informações, adotando política mais formal”, diz o executivo da KPMG.

Além da criação de áreas dedicadas ao risco, as empresas de médio porte já trabalham na definição de papéis, processos e em ferramentas para trabalhar as informações. “Não basta ter os dados, é necessário criar parâmetros e indicadores para se trabalhar com eles, o que faz parte de uma boa gestão. São sinais de uma maior profissionalização dessas companhias”, avalia Dultra.

Para o futuro, o especialista da KPMG vislumbra a mudança de direcionamento dos controles internos para uma visão mais abrangente, ou seja, sai do foco em processos para um nível corporativo, o que envolve práticas ligadas ao código de ética da empresa, à definição de perfis de acesso ao sistema, descrição de cargos e responsabilidades.


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