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Crédito cresce 2,1%

Medidas do Banco Central são insuficientes para esfriar a concessão de financiamentos, que já chega a 19,6% do PIB

Apesar de todo o esforço do governo para frear a expansão do crédito, o volume de financiamentos já concedidos está longe de cair para o nível de 17% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país), como quer o Banco Central.

De acordo com os dados divulgados ontem, o estoque de operações contratadas por pessoas físicas e empresas ainda está crescendo, até setembro, a uma taxa de 19,6% no acumulado em 12 meses. O próprio chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Túlio Maciel, admitiu que a redução das taxas para os consumidores, resultado do repasse da queda dos juros básicos (Selic), é um incentivo para o aumento da atividade econômica.

"A redução das taxas de juros é um incentivo a novas concessões de empréstimos", declarou. O controle da expansão do crédito pode ficar ainda mais difícil caso o governo retorne os incentivos dados no passado a alguns segmentos, como o setor de veículos, beneficiado com a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Como as vendas de automóveis estão caindo, esse é um dos ramos industriais que vêm pressionando o Ministério da Fazenda em busca de mais medidas.

Em setembro, segundo Maciel, foram as empresas que puxaram a expansão do estoque do crédito em 2,1%, em busca de capital de giro e investimento de olho nas vendas do final do ano. Os consumidores, pessoas físicas, foram mais comedidos. Em média, as empresas que pegaram dinheiro nos bancos em setembro estão pagando, ao ano, uma taxa de 30% — 0,9% a menos do que a taxa cobrada no mês anterior. Para as pessoas físicas, a queda foi de 0,5%, com a taxa média baixando de 46,2% ao mês para 45,7%.

Contratação

Maciel garantiu, no entanto, que o crédito vem desacelerando nas últimas semanas. "Está crescendo menos que no ano passado", assegurou. As concessões acumuladas no último mês — ou seja, a contratação de crédito novo — comprovam esse movimento. De agosto para setembro, o volume de operações feitas por pessoas físicas e empresas caiu 5,6%, passando de R$ 196,6 bilhões para

R$ 185,6 bilhões.

Para os consumidores, a taxa que mais caiu, apesar de se manter ainda num nível muito alto, foi a do crédito para a aquisição de outros bens, como eletrodomésticos e eletrônicos. Essa taxa estava em 55,5% ao ano em agosto e baixou para 50,6% em setembro. Os juros do financiamento de veículos caíram de 29,4% para 28,5% e os do cheque especial, de 187,5% para 186,7%. A taxa mais baixa continua sendo a do crédito com desconto em folha, agora em 28% ao ano contra 28,3% cobrados, em média, em agosto.

Os bancos não repassaram toda a queda verificada na Selic. O spread bancário — diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar dinheiro e a que cobram nos financiamentos — subiu no mês, apesar da queda do custo de captação. Para as pessoas físicas, o spread passou de 34,4 pontos percentuais em agosto para 35 em setembro. Para o chefe do Depec, esse movimento está relacionado com a inadimplência, que se encontra estabilizada num nível alto, de 6,8% do total das operações contratadas.

Direto no bolso

Veja quanto os empréstimos e financiamentos estão pesando no orçamento doméstico

Juros médios (Em % ao ano)

Jan/11    43,8

Fev/11    43,8

Mar/11    45,0

Abr/11    46,8

Mai/11    46,8

Jun/11    46,1

Jul/11    45,7

Ago/11    46,2

Set/11    45,7

Taxa das principais linhas

(Em % ao ano)

Cheque especial    186,7

CDC    50,6

Crédito pessoal    49,7

Veículos    28,5

Crédito consignado     28,0

Saldo das operações

(Em R$ trilhões)

Jan/11    1,71

Fev/11    1,73

Mar/11    1,75

Abr/11    1,77

Mai/11    1,80

Jun/11    1,83

Jul/11    1,85

Ago/11    1,88

Set/11    1,92


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