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Renda bate qualidade de vida na escolha pelo emprego

O comportamento dos entrevistados em relação ao mercado de trabalho está diretamente relacionado à faixa etária.

Segundo pesquisa divulgada nesta semana pela STAUTRH, a qualidade de vida não tem sido considerada um fator relevante na decisão pela mudança de emprego entre os executivos paulistas. Durante os meses de junho e julho, 407 profissionais residentes na Região Metropolitana de Campinas (RMC), Grande São Paulo e interior do estado participaram da pesquisa realizada pela rede social focada em negócios LinkedIn.

Há muito tempo, discute-se a importância do equilíbrio entre vida profissional e qualidade de vida, o que sugere que a melhor divisão entre o tempo dedicado ao trabalho e ao lazer ofereça benefícios para a saúde física e emocional, gerando, inclusive, melhoria no desempenho profissional.

Porém, contrariando esta latente preocupação, a maior parte dos profissionais pesquisados parece não estar tão aberta às mudanças que sacrificariam sua renda mensal em prol de uma vida mais equilibrada. Do total de entrevistados, dos quais 75% são homens e 25% mulheres, apenas 18% aceitariam uma oferta de emprego com remuneração inferior à recebida atualmente em troca de uma melhor qualidade de vida.

Contraste

O comportamento dos entrevistados em relação ao mercado de trabalho está diretamente relacionado à faixa etária. Os jovens até 25 anos apontam menor disposição para a troca - somente 9% dos entrevistados considerariam esta opção de mudança - enquanto que, para o grupo formado por profissionais acima de 40 anos, o índice sobe para 25%.

Estes resultados remetem às principais características da geração “baby boomer,” composta por profissionais nascidos até 1960, e da geração “Y”, representada pelos que nasceram após 1981. A primeira é diretamente ligada ao compromisso com o trabalho e planos de carreira em longo prazo, em que o trabalho em equipe é valorizado e visto como um todo para obtenção de resultados.

A segunda é formada por jovens que buscam a satisfação pessoal, profissional e financeira em curto e médio prazo e não aceitam retrocessos na escalada profissional, buscando sempre mais e melhor.

Segundo Carlos Staut, diretor da STAUTRH, o resultado da pesquisa aponta para uma visão diferente a respeito do assunto, e o foco é o profissional diretamente ligado ao processo de mudança.

“Durante nossos processos de seleção, é comum abordarmos profissionais que dizem estar em busca de melhor qualidade de vida. Porém, é muito raro encontrar alguém que esteja realmente disposto a abrir mão de parte do seu salário ou aceitar um cargo de menor responsabilidade, mesmo com a possibilidade de trabalhar mais perto de casa ou em uma empresa com melhor ambiente", diz.

"Na verdade, não podemos dizer que estejam agindo de forma errada. O mundo corporativo é altamente competitivo, e indivíduos que realizem movimentações de carreira como estas tendem a ser vistos como pouco ambiciosos ou terem seu desempenho profissional questionado”.

Interior

Migrar para cidades menores buscando uma vida melhor costuma ser a estratégia utilizada por muitos que tentam fugir dos agitados expedientes típicos das metrópoles. Tem-se a ideia de que fixar residência no interior proporciona melhor qualidade de vida, com menos tempo perdido no trânsito, mais tempo para a família e lazer e, como consequência de tudo isso, menor propensão às doenças da vida moderna, como estresss, síndrome do pânico e depressão.

A pesquisa apontou que o tempo de deslocamento entre residência e trabalho nas cidades do interior é menor. Enquanto 50% dos residentes nas cidades do interior e 32% dos moradores da RMC gastam menos de 30 minutos nos trajetos casa-trabalho, somente 21% dos paulistanos dispensam o mesmo tempo.

Mas viver em cidades menores pode não significar menor nível de estresse e ansiedade. Enquanto 58% dos profissionais que vivem em cidades com menos de 100 mil habitantes e 53% dos que vivem na RMC dizem ter ou já ter tido alguma destes sintomas, esta taxa cai para 45% entre os profissionais que residem na capital e grande São Paulo.

“É importante explicar que o objetivo da nossa pesquisa não foi identificar as causas destas doenças que sabidamente acometem grande parte da população – deixamos isto para os especialistas no assunto. Queríamos entender quais as diferenças de qualidade de vida notadas pelos executivos que vivem e trabalham nas cidades menores do interior e nas grandes metrópoles, e o quanto estas diferenças influenciam em suas escolhas profissionais”, esclarece Luiz Alencar, coordenador da pesquisa.

“O que pudemos notar é que as diferenças entre estas distintas regiões não são tão grandes quanto se imaginava e que, na prática, a maior parte dos profissionais ainda se preocupa mais com carreira e ganhos financeiros do que com sua saúde e qualidade de vida”, finaliza.


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