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BC vê "moderação" no avanço de empréstimos

BC já enxerga uma recuperação das linhas com recursos livres para as companhias.

O Banco Central (BC) acredita em "moderação" no avanço do crédito no próximo ano, especialmente por parte dos bancos públicos. A autoridade monetária julga que o ritmo atual de expansão dos empréstimos "não condiz com um crescimento sustentável da economia", segundo informações divulgadas na quinta-feira no Relatório de Inflação de setembro. "Nosso cenário contempla desaceleração de um modo geral. Trabalhamos com hipótese de desaceleração da expansão do credito futuro", disse Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica do BC.

 

Hamilton fez questão de ressaltar que o mercado de crédito não vai "travar", apenas crescerá a taxas mais "moderadas", em especial os recursos direcionados do BNDES às empresas. "A moderação do crédito direcionado é importante para o cenário benigno de inflação. Quando se olham as taxas de expansão em 12 meses, vemos que já estão desacelerando." Neste ano, a expectativa da autoridade monetária para o crescimento da carteira do sistema financeiro foi elevada de 20% para 22%. É bom lembrar que no começo deste ano o BC acreditava que haveria uma moderação nas concessões e aceleração maior dos bancos privados, que tentariam recuperar espaço no mercado. Em setembro, no entanto, a autoridade monetária reviu suas projeções à luz dos dados mais recentes e inverteu a lógica, ampliando a expectativa da carteira dos públicos e da expansão do direcionado.

A preocupação do BC com o ritmo de expansão não é com o endividamento, mas sim com a expansão da demanda, os impactos no consumo e na trajetória de inflação, especialmente no caso das linhas do BNDES, cujas taxas, fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), escapam da ação de política monetária. "O BNDES existe há 50 anos e é parte do nosso cenário", ressaltou Hamilton.

O BC já enxerga uma recuperação das linhas com recursos livres para as companhias. Os bancos também esperam recuperação da demanda para o período de fim de ano, diz Walter Malieni, diretor de crédito do Banco do Brasil. Depois de um ano mais fraco, em que houve forte migração para as linhas do BNDES, seguido por período de recomposição de estoques no meio do ano, as instituições financeiras já sentem uma melhora das solicitações de empréstimos. "A demanda por recursos livres deve se acelerar no fim de ano", diz Malieni.

O endividamento das famílias como proporção do rendimento anual pulou de 25%, em junho de 2006, para 39% em junho deste ano. Ao mesmo tempo, a massa salarial acompanhou o crescimento e manteve estável o comprometimento da renda mensal dos devedores com as parcelas dos empréstimos, que passou de 21,4% do rendimento médio mensal para 23,8%, no mesmo período. O alongamento dos prazos dos empréstimos, que derrubou o valor das parcelas, também contribuiu para segurar o percentual gasto com os pagamentos a cada mês.

 


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