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O planejamento da transição nas empresas familiares

Temos visto uma mudança paradigmática de mentalidade dos empresários brasileiros, fundadores ou seguidores das chamadas empresas familiares.

Temos visto uma mudança paradigmática de mentalidade dos empresários brasileiros, fundadores ou seguidores das chamadas empresas familiares. Eles passaram a se preocupar mais com a transição gerencial e administrativa de suas operações e com o planejamento de médio e longo prazos para tal transição.

Com o abuso das penhoras online, os percalços dos mercados financeiros e a instabilidade das instituições financeiras, também passaram a se preocupar com o planejamento e transição de suas fortunas e com a preservação do patrimônio amealhado ao longo de muitos anos de trabalho árduo.

Surgiu assim no Brasil uma nova especialidade jurídica que se convencionou chamar de "Wealth Management" e "Wealth Planner", usurpando-se o jargão anglo-saxão dos gestores de fortunas e dos consultores financeiros. Talvez mais correto seria chamar o novo ramo de planejamento jurídico de patrimônio e negócios.

Com o surgimento de institutos e produtos cada vez mais sofisticados, o que no início envolvia basicamente a constituição de trusts no exterior e de fundações e testamentos no Brasil com instituição de fideicomissos e gravames como as cláusulas de inalienabilidade e incomunicabilidade, hoje possui campo fértil e quase ilimitado para advogados e gestores atualizados com as novas tendências e que tenham competência e criatividade para conceber soluções que melhor se apliquem aos objetivos de seus clientes.

Embora ainda se fale no trust, que é uma das concepções jurídicas mais complexas do direito anglo-americano contemporâneo, algumas jurisdições (latinas inclusive) inseriram em seu ordenamento jurídico institutos similares e que proporcionam, se não todas, pelo menos a maioria das aplicações do trust, como ensejam as fundações privadas, que podem adotar inclusive a figura do "protector", típica do trust, e que consiste em pessoa encarregada de supervisionar o cumprimento das disposições do cliente como uma espécie de curador.

Como a fundação privada é dotada de personalidade jurídica própria, ela pode se fazer representar em qualquer ato civil como se uma sociedade fosse, podendo abrir conta em bancos, constituir procuradores, contratar empregados e celebrar contratos.

Dentre os objetivos mais comuns almejados pelos indivíduos e famílias interessados em planejamentos do gênero, incluem-se a preservação do patrimônio, a transmissão de heranças e legados, a transição da gestão de negócios e a consecução de projetos de cunho social e filantrópicos. E dentro de cada um desses objetivos há uma miríade de finalidades diversas e formas de atingir tais finalidades. Tem crescido no Brasil a utilização de fundos de investimento exclusivos e dos seguros dotais, que mesclam previdência com coberturas securitárias.

O mercado é dinâmico e se renova constantemente, por isso é preciso estar atualizado com as estruturas mais seguras e eficazes e que melhor se encaixem nas situações particulares e específicas de cada cliente, seja no Brasil ou em outras jurisdições. Diante da dificuldade que muitos indivíduos tem de definir as suas finalidades precípuas, é preciso ter habilidade para auscultar as necessidades e ver quais características dentre flexibilidade, discrição, segurança, liquidez, controle sobre as decisões de aplicação e manutenção do patrimônio e das atividades, dentre outras, o cliente deseja assegurar.

Provedores de estruturas fiduciárias e corporativas offshore que executem o trabalho não faltam no mercado. Fundamental é encontrar um bom estrategista que conjugue fatores como atualização, estando reciclado com as últimas novidades, confiança do cliente e entendimento de suas necessidades, e um sólido conhecimento jurídico sobre o funcionamento e fragilidades de cada instituto.

Mas é preciso ter cuidado para não embarcar em uma canoa furada. Existem produtos da moda em certos paraísos fiscais que prometem blindagem absoluta com ratings extraordinários, mas que não resistiriam a uma crise sistêmica como a que abalou o mundo em 2008. Lembre o caso da Islândia.

Aproveitando a passagem de mais um ano civil, época de férias e de uma rotina menos dinâmica, é hora de separar um tempo para pensar no futuro da família e das próximas gerações. Quem sabe profissionalizar a gestão das empresas, fazer um testamento e aproveitar com mais tranquilidade a vida e os recursos acumulados.


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