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Operadoras testam aplicativos para melhorar tráfego

Embora o tráfego de dados represente uma fonte nova e crescente de receita, administrar essa expansão rápida tem sido desafiador.

Autor: Niraj ShethFonte: Valor Econômico

Diante do dilúvio de vídeos e informações que tem empurrado suas redes de comunicação para o limite, as grandes operadoras de telefonia móvel resolveram apelar para atalhos de software e outros truques para melhorar o tráfego de dados até que consigam instalar mais torres de celular e implementar redes de próxima geração.

Munidos de aparelhos avançados como BlackBerrys, iPhones e, futuramente, o iPad da Apple, mais clientes têm usado as redes de celular para navegar pela internet, assistir a vídeos e rodar aplicativos. Embora o tráfego de dados represente uma fonte nova e crescente de receita, administrar essa expansão rápida tem sido desafiador.

"As redes não foram projetadas com isso em mente", diz Fabricio Martinez, diretor da consultoria de telecomunicação Aircom International Ltd.

Nos Estados Unidos, a AT&T lidera a expansão no tráfego de dados, principalmente porque oferece o popular iPhone, que tem acesso à internet e roda aplicativos. A operadora afirma que o tráfego de dados em sua rede aumentou quase 50 vezes nos últimos três anos. Em mercados como o de Nova York e o de San Francisco, o congestionamento motivou uma onda de reclamações de chamadas interrompidas e lentidão.

O iPad, que tem tela maior para navegar pela internet e exibir vídeos, vai onerar ainda mais a rede da AT&T quando chegar às lojas, neste ano.

A AT&T informa que está acrescentando banda em Nova York e San Francisco e espera que o iPad use boa parte do tempo conexões via WiFi.

Empresas iniciantes dos EUA e de outros países estão tentando ajudar a AT&T e outras operadoras a administrar a explosão de tráfego, com programas que acompanham como as pessoas usam o celular e ajudam a encontrar maneiras mais eficientes de baixar vídeos e sites. O principal alvo são os vídeos, que os analistas dizem responder por cerca de 75% do tráfego de dados em celulares.

As redes transmitem os arquivos de vídeo para os celulares o mais rápido possível. Mas quando acompanharam como os clipes eram usados, os engenheiros da americana Bytemobile Inc., de Santa Clara, Califórnia, descobriram que a maioria das pessoas não os assiste inteiramente. Isso significa que as operadoras estão desperdiçando capacidade preciosa carregando segmentos dos vídeos que as pessoas não estão assistindo, disse Joel Brand, diretor de administração de produto da empresa.

A companhia criou uma maneira de baixar o vídeo só quando o cliente o assiste, mas com menos lentidão que o normal. A tática pode cortar pela metade o volume de dados transmitidos, diz Brand. A companhia já trabalha com a AT&T e a Sprint Nextel Corp. para minimizar o volume de dados que os aparelhos de celular baixam quando visitam sites, e está testando um software para vídeos.

A companhia concorrente Flash Networks Ltd., de Herzlia, em Israel, tem outro truque na manga. Alguns formatos de arquivos de vídeo são mais eficientes que os outros e alguns funcionam melhor em certos celulares. Unir o melhor formato de arquivo ao celular adequado diminui em até 50% o volume de banda necessário para baixar vídeos, afirma a companhia.

O diretor-presidente da Flash Networks, Liam Galin, também diz que a demanda de dados atinge o pico entre 15h e 21h, o que significa que muita gente usa uma rede celular em casa, quando a operadora poderia desviar o tráfego para conexões WiFi menos carregadas.

Nos EUA, a companhia tem como clientes a T-Mobile USA, da Deutsche Telekom AG, e a Verizon Wireless, uma sociedade entre a Verizon Communications Inc. e a Vodafone Group PLC. T-Mobile e Verizon Wireless não quiseram comentar.

Lidar com a expansão no volume de dados só deve ficar mais difícil, à medida que mais pessoas comprem celulares inteligentes. Até o terceiro trimestre do ano passado, só 25% dos assinantes americanos tinham celulares inteligentes, mas nos horários de pico dos mercados mais importantes as operadoras já estão usando mais de 80% da capacidade de suas redes, segundo um relatório do Morgan Stanley.

As operadoras estão correndo para construir a nova geração de redes, que promete ampliar a banda e acelerar o tráfego. Mas instalar novas estações de rádio-base em torres de celular e cabos mais rápidos para conectá-las leva anos e custa bilhões de dólares, dizem analistas. É mais rápido e barato usar software.

Alguns integrantes do setor duvidam que esses sistemas possam ser uma solução de longo prazo para administrar a transmissão de dados em redes sem fio. Grandes fabricantes de equipamentos de telecomunicação, que vendem as estações de rádio-base para as operadoras, dizem que elas precisam adotar medidas mais abrangentes.

"Não dá para otimizar seu caminho para o sucesso", diz Arun Bhikshesvaran, diretor sênior de soluções multimídia e de infraestrutura da sueca L.M. Ericsson. Em vez disso, elas deveriam reconfigurar como encaminham os dados na rede e instalar cabos com maior largura de banda para conectar as torres, diz ele.

A francesa Alcatel-Lucent desenvolveu um software que se conecta à rede de uma operadora e, dentro de uma hora, pode informar a qualidade da rede e detalhes como a experiência em tempo real de cada cliente. Se detectarem um nível elevado de tráfego, as operadoras podem modificar a maneira como as torres são usadas.

"Muitos dos desafios enfrentados pelas redes de celular atualmente não têm necessariamente a ver com volume", diz Mike Schabel, responsável pelo software da Alcatel-Lucent. Em vez disso, as redes atuais não foram projetadas com o equipamento adequado para lidar com um tráfego pesado de dados, acrescenta Schabel.

Existem outros trabalhando com os sites que oferecem conteúdo para ajustar seus vídeos para telefones celulares, que podem congelar por causa do congestionamento na rede.

A companhia iniciante americana Azuki Systems Inc., de Massachusetts, tem um programa que muda a qualidade do vídeo dependendo da capacidade de banda disponível. Quando o sistema está desimpedido, os assinantes recebem uma imagem com maior resolução; quando a rede está engarrafada, a qualidade cai para que o vídeo não fique congelado. Entre seus clientes estão empresas como CBS Corp. e a revista "Sports Illustrated", da Time Warner Inc.