Na esteira das instituições privadas, o Banco do Brasil adotou uma postura mais conservadora na concessão de crédito para micro e pequenas empresas (MPEs). Balanço divulgado ontem pelo banco indica maior seletividade e aumento de coberturas.
Os resultados da instituição referentes ao terceiro trimestre deste ano mostram que os financiamentos para micro e pequenas empresas com mais de 10 anos de relacionamento com o BB aumentaram sua participação na carteira de crédito para o segmento, que apresentou crescimento em 2014.
No terceiro trimestre do ano passado, 37% das empresas eram clientes do banco há mais de 10 anos, enquanto no mesmo período de 2014 a participação de firmas com mais de 10 anos no BB na carteira de crédito saltou para 39,6% - alta de 7%.
O share das MPEs com menos de dois anos de relacionamento com a instituição, por sua vez, reduziu consideravelmente, passando de 7,3% em 2013 para 6,1% neste ano - queda de 16,4%.
"Quanto maior o tempo de relacionamento, mais confortável e mais próximo fica o cliente do banco, e as possibilidades de fazer negócios se ampliam", afirmou Ivan Monteiro, vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, em coletiva de imprensa realizada ontem.
Cobertura de crédito
Além de apostar nos clientes com históricos mais longos na instituição, o banco também ampliou o suporte para cobrir o crédito liberado para as micro e pequenas empresas.
De acordo com o balanço, os fundos garantidores de crédito para MPEs do BB - os Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) e Fundo Garantidor de Operações (FGO) - cresceram 15% na comparação entre os terceiros trimestre, saltando de R$ 20,4 bilhões para R$ 23,5 bilhões.
A evolução é o dobro da evolução da carteira de crédito do segmento, que cresceu 7,5%, passando de R$ 94,4 bilhões para R$ 101,5 bilhões. O cruzamento dos dados aponta que, atualmente, os fundos cobrem 23,1% do total de crédito liberado para MPEs, contra os 21,6% que cobriam no terceiro trimestre do ano passado.
O analista da Planner Corretora Victor Martins vê a estratégia de trabalhar com clientes mais antigos do BB como uma forma de mitigar riscos. "Assim, eles trabalham com empresas que já têm produtos no banco, e conseguem traçar um histórico de bons pagadores", observou o analista.
O aumento do provisionamento com fundos, segundo Martins, segue na mesma linha, porém tem efeitos menos efetivos. "A velocidade com que o BB vai rodar essa carteira é que vai mostrar o caminho que ele quer seguir", avaliou o analista. "Acredito que o ritmo de empréstimos (para MPEs) vai desacelerar até o banco ver uma janela para voltar a emprestar", completou.
Lucro abaixo do esperado
O lucro líquido contábil do Banco do Brasil foi de R$ 2,78 bilhões no último trimestre, alta de 2,8% sobre o terceiro trimestre do ano passado, porém recuo de 1,7% em relação ao trimestre anterior e abaixo dos maiores concorrentes privados - o Bradesco registrou lucro líquido de R$ 3,87 bilhões e o Itaú R$ 5,40 bilhões.
A margem financeira líquida do banco - diferença entre os gastos com captação e os ganhos com empréstimos - fechou setembro em R$ 7,73 bilhões, impulsionada, assim como nos outros bancos, pelos ganhos com tesouraria, que registrou alta de 5,7% em relação o terceiro trimestre de 2013.
Na avaliação de Lenon Borges, analista da Ativa Corretora, os resultados do BB foram travados pelo aumento nas despesas com provisão para crédito de liquidação duvidosa - usada para suprir os calotes -, que cresceu 16,8% no período, fechando o trimestre em R$ 4,57 bilhões, também com alta acima dos concorrentes: no Bradesco o aumento foi de 4,3% e no Itaú de 4,5%.
Essas perdas são descontadas da margem bruta e diminuem a receita com crédito dos bancos. Segundo Borges, o empréstimo para MPEs, que é de alto risco, pode ter sido um dos fatores que ocasionou o aumento das provisões para devedores duvidosos. "Eu acho que o Banco do Brasil deve continuar seguindo a estratégia dos concorrentes e alocar os recursos em carteiras com menores riscos", analisou.
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